quarta-feira, 15 de abril de 2009

Frase do dia


"Por causa da rosa, a erva daninha acaba sendo regada”.

Provérbio árabe

quarta-feira, 26 de março de 2008

Seres elementais – as forças da natureza

Os seres elementais são os espíritos da natureza. Eles surgem espontaneamente dos quatro elementos básicos - Terra, Água, Ar e Fogo --, ganham forma física (de acordo com a região geográfica e a cultura a que pertencem) e vivem de 300 a 1000 anos. Após esse período, eles se desintegram e voltam ao seu elemento original.
Há referências à existência de espíritos elementais em praticamente todas as civilizações -- na Índia, por exemplo, eles são chamados de gandarvas e se apresentam como seres intermediários entre os anjos (devas) e os homens. No Brasil, os espíritos da natureza também ganharam diversas formas: a Iara, por exemplo, é o elemental da água, e o caapora é o espírito guardião das matas. Mas foram os gnomos e duendes com aparência de camponês europeu que se tornaram mais populares no mundo todo. Talvez por conta das obras do alquimista suíço Paracelsus (1493-1541), que os descreveu em sua obra Filosofia Oculta. Os estudiosos desse assunto dividem os elementais nos seguintes grupos:

Elementais da terra: eles protegem os reinos mineral, vegetal e animal. Estão divididos entre gnomos, duendes, elfos e hamadríades (estas últimas são os espíritos das árvores).

Elementais da água: cuidam das águas doces e salgadas. Recebem os nomes de ondinas e sereias.

Elementais do ar: são os senhores dos ventos e do próprio ar que respiramos. Chamam-se silfos, mas nessa categoria também se enquadram as fadas, que são intermediárias entre os elementos Terra e Ar.

Elementais do fogo: comandam o fogo em todas as suas manifestações (desde uma simples chama até os incêndios) e são denominados de salamandras.
Paracelsus e outros pesquisadores ensinam que a magia se baseia na manipulação das forças dos seres elementais. Assim, ao acender uma vela, por exemplo, estamos trabalhando com o poder das salamandras, e o uso do incenso nada mais é do que uma forma de invocar os poderes dos silfos.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Mais sobre Lilith: "O mito e as atribuições simbólicas"

Existem referências muito antigas a uma entidade feminina de nome Lilu, Lilitu ou Lilake na mitologia da Mesopotâmia. Demônio que merecia esconjuros e rezas de proteção, essa entidade também era relacionada a uma deusa suméria de nome Lulu, que significa libertinagem.
Portanto, Lilith tem em sua origem o sentido de ser um demônio que excita a luxúria, que domina a noite com sua sensualidade destrutiva e descontrolada, que seduz e enlouquece os homens, rouba as crianças e traz a perdição. Ao longo do tempo a mitologia ligada a entidades femininas voluptuosas e destrutivas foi sendo incorporada a tradições religiosas monoteístas.
Lilith teria sido a primeira esposa de Adão, mais tarde substituída por Eva. Mesmo na tradição judaico-cristã, esta é a figura de uma mulher que ousou ter desejos e não aceitar as ordens de Adão, especialmente aquelas relativas a sexualidade. Expurgada e banida para o Mar Vermelho, Lilith permaneceu em seu reino de figuras vampirescas por longos séculos, habitada por toda a sorte de fantasmas, demônios e gênios malignos, femininos ou não.
A Lilith bíblica teria, na origem de sua palavra, o significado de Layl, ou Laylah, que quer dizer noite: ela é mais uma vez denominada "espírito noturno". Roberto Sicuteri, um estudioso do tema de Lilith, informa, em sua obra "Lilith, a Lua negra", que "Lilith-Lilitu-Lulu é a variável do demoníaco na área hebraica do Oriente Médio, expressão da paixão turva da sexualidade desenfreada que pode insidiar e submeter o homem". Há diversas representações dessa deusa noturna, a endiabrada Lilith, que ameaçava a paz dos homens. Nas antigas esculturas e gravações em pedra surge uma mulher corpulenta, de seios fartos e boca sensual, cuja energia agressiva está presente com uma profunda vibração. As pernas femininas se transformam em presas animais. Patas de animais, como garras feias de abutre, surgem no lugar dos dedos. Com a expressão sorridente e provocativa e cabelos que se transformam em serpentes, Lilith também apresenta asas. Ao seu lado, figuras lunares: dois cães e duas corujas. Na mitologia grega, encontraremos algumas divindades que recuperam ou fazem alusão a estas formas de Lilith, como por exemplo Hécate, a Lua Negra, com seu séquito de cães, e mesmo Palas Atena, que tem como símbolo a coruja, desta vez significando uma sabedoria feminina que foi domesticada e posta a serviço dos negócios públicos, da cidade e dos homens. Algumas representações de Lilith também a fazem segurar o símbolo do signo da Balança, talvez como um sinal de que ela desestabiliza relacionamentos, ao mesmo tempo em que tem poder sobre eles.
E por que Lilith é a representação da Lua Negra? Em primeiro lugar, por que domina a noite, é o espírito da noite, esse espírito feminino maligno que ameaçava especialmente as mulheres, as crianças e os recém-casados. É a Lua enquanto regente da infância, como simbolismo da emoção, que varia e pode desequilibrar os recém-noivos.
Em algumas fontes antigas, especialmente ligadas ao judaísmo, Lilith tem a conotação da sensualidade perigosa. Aconselhava-se aos homens que nunca dormissem sozinhos em uma casa, para não serem pegos por ela. A imaginação popular antiga dizia também que Lilith jamais ficava em paz, parada em um lugar. A deusa nunca tem repouso, "sempre dedicada a desafogar sua fúria contra Deus e os homens", como revela o astrólogo italiano R. Sicuteri, em obra já mencionada.


terça-feira, 18 de março de 2008

Lilith, A Lua Negra e Grande Deusa

No começo era a Grande Deusa e a Grande Deusa era a Terra e a Terra era a Grande Deusa. As origens do culto à Grande Deusa jazem obscurecidas na indistinta penumbra dos tempos pré-históricos. A Deusa imperou durante centenas de milhares de anos. Com o passar dos tempos, a Deusa-mãe foi sobrepujada e superada pelo mais patriarcal dos arquétipos - Javé (Yaweeh), Deus-Pai, Alá. Este arquétipo patriarcal aperfeiçoou-se nos mundos judaico, cristão e muçulmano. Alguns aspectos da Deusa-mãe foram permitidos, porém de forma controlada, na imagem de Maria, mãe de Deus. São algumas Madonas Negras, de antigos santuários, que ainda nos dão testemunho da Deusa-mãe.
A figura de Lilith representa um aspecto da Grande Deusa. Na antiga Babilônia, ela era venerada sob os nomes de Lilitu, Ishtar e Lamaschtu. A mitologia judaica coloca-a em domínios mais obscuros, como um demônio (feminino) do mal, a adequada companheira de Satã, que tenta os homens e assassina as criancinhas.

(Joëlle de Gravelaine in "Lilith und das Loslassen", Astrologie Heute Nr. 23)

segunda-feira, 10 de março de 2008


PARA OS DEUSES

Para os deuses as coisas são mais coisas.
Não mais longe eles vêem, mas mais claro
Na certa Natureza
E a contornada vida...
Não no vago que mal vêem
Orla misteriosamente os seres,
Mas nos detalhes claros
Estão seus olhos.
A Natureza é só uma superfície.
Na sua superfície ela é profunda
E tudo contém muito
Se os olhos bem olharem.
Aprende, pois, tu, das cristãs angústias,
Ó traidor à multíplice presença
Dos deuses, a não teres
Véus nos olhos nem na alma.
(Fernando Pessoa)

quinta-feira, 6 de março de 2008


Morgana fala...
Em vida, chamaram-me de muitas coisas: irmã, amante, sacerdotisa, maga, rainha. O mundo das fadas afasta-se cada vez mais daquele em que Cristo predomina. Nada tenho contra o Cristo, apenas contra os seus sacerdotes, que chamam a Grande Deusa de demônio e negam o seu poder no mundo. Alegam que, no máximo, esse seu poder foi o de Satã. Ou vestem-na com o manto azul da Senhora de Nazaré – que realmente foi poderosa, ao seu modo –, que, dizem, foi sempre virgem. Mas o que pode uma virgem saber das mágoas e labutas da humanidade?


E agora que este mundo está mudado e Arthur – meu irmão, meu amante, rei que foi e rei que será – está morto (o povo diz que ele dorme) na ilha sagrada de Avalon, é preciso contar as coisas antes que os sacerdotes do Cristo Branco espalhem por toda parte os seus santos e lendas.


Pois, como disse, o próprio mundo mudou.


Houve tempo em que um viajante se tivesse disposição e conhecesse apenas uns poucos segredos, poderia levar sua barca para fora, penetrar no mar do Verão e chegar não ao Glastonbury dos monges, mas à ilha sagrada de Avalon: isso porque, em tal época, os portões entre os mundos vagavam nas brumas, e estavam abertos, um após o outro, ao capricho e desejo dos viajantes. Esse é o grande segredo, conhecido de todos os homens cultos de nossa época: pelo pensamento criamos o mundo que nos cerca, novo a cada dia.


E agora os padres, acreditando que isso interfere no poder do seu Deus, que criou o mundo de uma vez por todas, para ser imutável, fecharam os portões (que nunca foram portões, exceto na mente dos homens), e os caminhos só levam à ilha dos padres, que eles protegeram com o som dos sinos de suas igrejas, afastando todos os pensamentos de um outro mundo que viva nas trevas. Na verdade, dizem eles, se aquele mundo algum dia existiu, era propriedade de Satã, e a porta do inferno, se não o próprio inferno. Não sei o que o Deus deles pode ter criado ou não. Apesar das historias contadas, nunca soube muito sobre seus padres e jamais usei o negro de uma de suas monjas-escravas. Se os cortesãos de Arthur em Camelot fizeram de mim este juízo, quando fui lá (pois sempre usei as roupas negras da Grande Mãe em seu disfarce de maga), não os desiludi.


E na verdade, ao final do reinado de Arthur, teria sido perigoso agir assim, e inclinei a cabeça à conveniência, como nunca teria feito a minha grande Senhora, Viviane, Senhora do Lago, que depois de mim foi a maior amiga de Arthur, para se transformar mais tarde em sua maior inimiga, também depois de mim.


A luta, porém, terminou. Pude finalmente saudar Arthur, em sua agonia, não como meu inimigo e o inimigo de minha Deusa, mas apenas como meu irmão, e como um homem que ia morrer e precisava da ajuda da mãe, para a qual todos os homens finalmente se voltam. Até mesmo os sacerdotes sabem disso, com sua Maria sempre-virgem em seu manto azul, pois ela, na hora da morte, também se transforma na Mãe do Mundo.


E assim, Arthur jazia enfim com a cabeça em meu colo, vendo-me não como irmã, amante ou inimiga, mas apenas como maga, sacerdotisa, Senhora do Lago; descansou, portanto no peito da Grande Mãe, de onde nasceu, e para quem, como todos os homens, tem a finalidade de voltar. E talvez – enquanto eu guiava a barca que o levava, desta vez não para a ilha dos padres, mas para a verdadeira ilha sagrada no mundo das trevas que fica além do nosso, para a ilha de Avalon, aonde, agora, poucos, além de mim, poderiam ir – ele estivesse arrependido da inimizade surgida entre nós.(...)


A verdade tem muitas faces e assemelha-se à velha estrada que conduz a Avalon: o lugar para onde o caminho nos levará depende da nossa própria vontade e de nossos pensamentos, e, talvez, no fim, chegaremos ou à sagrada ilha da eternidade, ou aos padres, com seus sinos, sua morte, seu Satã e Inferno e danação...Mas talvez eu seja injusta com eles. Até mesmo a Senhora do Lago, que odiava a batina do padre tanto quanto teria odiado a serpente venenosa, e com boas razões, censurou-me certa vez por falar mal do deus deles.


“Todos os deuses são um deus”, disse ela, então como já dissera muitas vezes antes, e como eu repeti para as minhas noviças inúmeras vezes, e como toda sacerdotisa, depois de mim, há de dizer novamente, “e todas as deusas são uma deusa, e há apenas um iniciador. E cada homem a sua verdade, e Deus com ela”.
Assim, talvez a verdade se situe em algum ponto entre o caminho para Glastonbury, a ilha dos padres, e o caminho de Avalon, perdido para sempre nas brumas do mar do Verão.


Mas esta é a minha verdade; eu, que sou Morgana, conto-vos estas coisas, Morgana que em tempos mais recentes foi chamada Morgana, a Fada.
(do livro As Brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley)

quarta-feira, 5 de março de 2008

Oração de Santa Sara



Santa Sara, minha protetora

Cubra-me com seu manto celestial.

Afaste as negatividades que porventura estejam querendo me atingir.

Santa Sara, protetora dos ciganos, sempre que estivermos nas estradas do mundo, proteja-nos e ilumine nossas caminhadas.

Santa Sara, pela força das águas, pela força da Mãe-Natureza, esteja sempre ao nosso lado com seus mistérios.

Nós, filhos dos ventos, das estrelas, da Lua Cheia e do Pai-Sol, pedimos a sua proteção contra os inimigos.

Santa Sara, ilumine nossas vidas com seu poder celestial, para que tenhamos um presente e um futuro tão brilhantes, como são os brilhos dos cristais.

Santa Sara, ajude os necessitados; dê luz para os que vivem na escuridão, saúde para os que estão enfermos; arrependimento para os culpados e paz para os intranquilos.

Santa Sara, que o seu raio de paz, de saúde e de amor possa entrar em cada lar, neste momento.

Santa Sara, dê esperança de dias melhores para essa humanidade tão sofrida.

Santa Sara milagrosa, protetora do povo cigano, abençõe a todods nós, que somos filhos do mesmo Deus.

(do livro "Como Descobrir e Cuidar dos Ciganos dos seus Caminhos - Ana da Cigana Natasha)